Archive for the 'pragmática' Category

Máximas (e ótimas!) Conversacionais

Pra variar, aula de Pragmática.
O assunto dessa vez eram as Implicaturas de Grice e as Máximas Conversacionais.
Que, pra mim, deveriam se chamar Ótimas Conversacionais, porque são óóótemas!

Quebra da Máxima da Quantidade (informe só o que for necessário):
– Joãozinho, já é tarde! Você já fez a lição de casa e escovou os dentes?
– Já, mãe! Já fiz a lição sim!

Quebra da Máxima da Relevância (diga só o que é relevante):
– Você me ama?
– Você é a pessoa mais legal que eu conheço.

o guarda: – Esse carro está estacionado em local proibido. O carro é seu?
o motorista: – Boa tarde, seu guarda! Que chuva, hein?

– Você comprou o que eu pedi?
– Eu tentei.

Quebra da Máxima de Modo (seja claro, específico):
– Ele estava sendo econômico com a verdade.

Quebra da Máxima da Qualidade (diga somente o que você acredita que seja verdade):
o americano: – O capital do Brazil ser Buenos Aires, right?
o brasileiro: Exatamente! E nós falamos espanhol e o presidente do Brasil é o Maradona!

Hehehe…

Eu te repudio! (parte 2)

Então…
Assim que o velho faleceu, todos ficaram olhando para a moça. A consciência falou mais alto e ela contou a verdade, ou seja, que o velho empacotou entre o segundo e o terceiro “eu te repudio!”.

Agora falem a verdade:
Vocês, mulheres (leia-se Mônica e Claudia), teriam falado a verdade ou mentiriam para ficar com o bonitão?

Como a mamãe nos ensinou, falar a verdade é sempre o melhor caminho.
A moça falou a verdade, mesmo sabendo que isso provavelmente faria a possibilidade de ficar com o garotão ir por água abaixo.
Mas não foi.
A galera do kibe decidiu considerar o divórcio.
Lembrando: a mulher só seria considerada divorciada (e, assim, livre pra ficar com o bonitão) se o velho dissesse três vezes “eu te repudio!”.

Conforme tema da aula de Pragmática, o povo levou em consideração a INTENÇÃO do velho, já no pé da cova, em conceder o divórcio à sua esposa. Afinal, ele só não pronunciou o terceiro “eu te repudio!” por uma falha mecânica: a voz acabou quando ele morreu (rs). Ou seja, se ele tivesse mais alguns segundos de vida, ele teria dito as três vezes.

Ah! Já ia me esquecendo…
E eles viveram felizes para sempre!

Eu te repudio!

A cada dia que passa as aulas de Pragmática vão ficando mais interessantes. E engraçadas.

Lembra da novela “O Clone”? (Isso sou eu que estou falando, não a professora)
Algumas vezes, no núcleo da família árabe, o marido ameaçava dizer à esposa três vezes a frase “Eu te repudio!” e a esposa ficava desesperada.
Na tradição árabe, os homens podem se casar com até não sei quantas mulheres. O único meio de a esposa se divorciar do marido é se ele disser a ela “Eu te repudio! Eu te repudio! Eu te repudio!” (três vezes).

A minha professora comentou sobre um filme hollywoodiano da década de sessenta (que eu não vou lembrar o nome agora) que contava a história da esposa de um árabe que, apaixonada por outro homem, queria se divorciar do marido (um velho ranzinza e muito mau). Detalhe: segundo a tradição, a morte do marido não liberta a esposa para se casar com outro, ela tem de ser fiel mesmo ele estando morto.
Um dia deu um pirepaque no velho e ele ficou muito mal, muito próximo de morrer. A mulher ficou desesperada, porque queria ficar livre dele logo pra casar com o amante bonitão. O velho, moribundo, chamou a esposa para bem perto dele, já que mal conseguia falar.
Eis que um raio de bondade passa pelo velho e ele fala:
– Eu te repudio! Eu te repudio… – E MORRE!!!
A moça olhou ao redor. Havia outras pessoas, mas o velho falou muito baixo. Se ela falasse que o velho pronunciou três vezes “eu te repudio!” todos acreditariam. Assim ela ficaria livre para se casar com o bonitão. Mas e a consciência?

E aí? O que aconteceu?

Aula de Pragmática

A minha professora de Pragmática, além de ser muito inteligente, tem um ótimo senso de humor. Os exemplos que ela usa nas aulas são impagáveis.
Eis a cena:

O marido chega em casa exausto do trabalho. A esposa, que chegou antes, já está preparando o jantar.
– Boa noite, amor. – ele diz.
– Boa noite. Bem, a lâmpada do quarto queimou e a torneira do banheiro não está fechando direito.
E o marido, irritadíssimo, grita:
– CARAMBA! EU NEM ENTREI EM CASA DIREITO E VOCÊ JÁ TÁ DANDO COISA PRA EU CONSERTAR!

Aí minha professora disse que, se a mulher tivesse tido aulas de Pragmática, ela poderia ter escapado da bronca (com a maior cara lavada), assim:

– Mas quem está pedindo pra você consertar alguma coisa? Eu só estou te informando o que aconteceu hoje.

Hehehe.
Acho que essas aulas podem ser muito úteis…


Eu

Roger Oliveira. 28 anos.

Frase

"Quem algum dia aprender a voar deve aprender antes a ficar de pé, a caminhar, a correr, a subir, a dançar" - Friedrich Nietzsche

Estou lendo

"Excalibur - Crônicas de Artur 3" - Bernard Cornwell
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